30/11/2008

Entrevista

A matéria abaixo foi escrito pelo Ricardo Ballarine, do blog Verbo Transitivo (tem o link ao lado). Ricardo escreve como Kaká joga bola. Tive a honra de trabalhar com ele na redação do jornal O Tempo. Depois de recentemente entrevistar Win Wenders (a entrevista com o cineasta está publicada lá no blog dele), Ballarine veio me entrevistar para uma matéria da Revista Transporte Atual, da CNT. Vida de jornalista não é fácil, numa hora, entrevista uma cineasta como Wim Wenders, noutras, um reles cartunista...Bom, certo é que gostei demais do texto. Por isso, compartilho-o com os leitores deste blog. Obrigado, Ballarine.

27/11/08
Da charge ao pão-de-queijo e Mate Couro


Em 1998, ele trabalhava como ilustrador do jornal “O Tempo”, de Belo Horizonte. Quando questionado pela editora de Arte se fazia charges, respondeu que sim e se comprometeu a levar seu portfólio no dia seguinte. Chegou de mãos abanando, pois não tinha nada preparado. Na cara dura, fez uma proposta, de realizar um teste de uma semana. O jornal topou, e aquela semana se transformou em um mês, depois em três meses, oito meses, até que ele foi contratado em definitivo como chargista.

Hoje, dez anos depois, Duke conta a história aos risos, para dizer que sua carreira está ligada ao jornal. Para comemorar essa primeira década, ele lança a coletânea “Desenhos de Humor” (Editora do Autor, 144 págs, R$ 35), livro com mais de 200 ilustrações. Seu trabalho é publicado na revista "Transporte Atual" desde 2003 e nos jornais “O Tempo” e “Super Notícia” – e neste blog, sempre aos domingos e em edições extras.
Foto: Lilian Miranda

Além das charges, o livro reúne cartuns produzidos para vários concursos, muitos premiados – alguns deles: Salão Carioca de Humor, Salão Internacional de Humor da Amazônia, Salão Para Educação no Trânsito em Santa Fé (Argentina) e Salão de Humor de Paraguaçu Paulista, este com um trabalho publicado pela "Transporte Atual" em novembro de 2007.

O livro, aprovado pela Lei de Incentivo da Prefeitura de Belo Horizonte, sai com tiragem inicial de 1.000 cópias, com capa dura. Como contrapartida, Duke irá doar 10% da tiragem para bibliotecas municipais e fazer uma série de palestras em escolas. Diz que não quer ficar apenas com a cota estabelecida em edital e pretende ampliar o número de palestras em escolas.

Os desenhos, em sua maioria do período de 2004 a 2008, começaram a ser selecionados em junho deste ano, um trabalho que levou quatro meses. Duke fez tudo sozinho. “Queria curtir fazer o primeiro livro, por isso optei por passar por todas as fases. Fiz a escolha dos trabalhos, a edição, o projeto gráfico e agora estou negociando a distribuição.” Optou por vender o livro pela internet e negocia com portais.

A edição não segue uma linha cronológica nem temática. “Não queria nada didático”, diz Duke, 35 anos, casado há cinco, pai de 2 filhas, uma de 2 anos e outra de 3 meses. “Selecionei apenas desenhos que sobreviveram com o tempo. Muita coisa sobre futebol, por exemplo, ficou de fora. Separei apenas uma charge sobre as torcidas de Cruzeiro e Atlético, pois a discussão sobre qual delas é maior é eterna.”

Um ponto característico do seu trabalho é a troca do personagem real pelo anônimo. “No início, meu desenho era baseado em caricaturas, sempre usando o personagem da notícia. Com o tempo, amadureci meu processo e comecei a trabalhar sem essa caricatura, usando a notícia como personagem. Minha idéia era buscar algo atemporal.”

Hoje, Duke trabalha em casa e não freqüenta mais as Redações. Costuma dividir seu tempo entre desenhar e trocar fraldas – muitas vezes, essas duas ocupações ocorrem simultaneamente. “Muita gente não acreditaria com as charges são produzidas em alguns casos”, diz, em meio ao riso curto.

Depois do primeiro livro, Duke irá lançar um site e atualizar seu blog. Ele ainda prepara um documentário sobre o artista plástico Fernando Fiúza e estuda projetos para a internet. Seu futuro já está definido. “Tenho duas filhas, já plantei uma árvore e lancei um livro. A partir de agora, só me restam comer meu pão-de-queijo com Mate Couro e ver a vida passar.”

Para encomendar o livro, envie e-mail para livroduke@gmail.com ou acesse seu blog.

***
Aparte
Duke foi meu colega de Redação por quatro anos, de 1998 a 2001. Ele me ajudou a implantar, de um jeito não planejado, uma mudança gráfica no caderno de Esportes de “O Tempo”. Encomendei capas a ele que fizeram história, pelo ineditismo ou ousadia. Sem ele, a marca que aquela editoria deixou no jornalismo de Belo Horizonte não seria a mesma. Demos risadas ao lado de outros colegas da sua editoria de Arte.

Eu deixei o jornal no final de 2001. Um ano depois, na minha nova empreitada, não pude deixar de convidá-lo para fazer parte da equipe. Desde 2003, ele preenche uma página mensal com seu talento – às vezes atrasa, enrola, mas está sempre lá. Considero seu trabalho um dos melhores do Brasil. Seu livro é mais do que merecido.

3 comentários:

Pan disse...

É...vida de jornalista...mal posso esperar pra começar a minha.

Boa entrevista, bem descontraída como tem que ser.

OPA, já dá pra encomendar o livro? Quero saber o preço primeiro.


Sucesso Duke.

Anônimo disse...

Vou comprar o livro... Desde que venha autografado e com dedicatória! rsrsrs

Sucesso, cara!

Duke disse...

Oi, Pan, o livro será vendio a 35 reais, levando em conta que é capa dura, com verniz, e outras coisas, acho que está num preço camarada.

E aí, Paulo, tudo blz? pode deixar que vai com autógrafo e tudo. VAleu.
Sucesso pra vc tb.
ABraços
Duke